Sabedoria para resolver equações da vida de um ignorante

Ser um sábio infeliz ou um ignorante feliz? Entre as escolhas que fazemos em nossa vida, em muitos casos, nos deparamos com essa pergunta, pois existe uma tênue linha entre a sabedoria e a ignorância, assim como entre a genialidade e a loucura. Muitos buscam o conhecimento para que este os leve à sabedoria, mas somente nos sentimos motivados a buscar conhecer novas coisas quando nossa ignorância gera desconforto.
O fato de não saber de algo não nos incomoda até precisarmos deste conhecimento em nossas vidas. Por outro lado, o não saber é também não se importar, afinal porque aprender equações de 4° grau se eu sou um ator de cinema e, logo, nunca utilizarei deste conhecimento para nada? Essa é a chamada ignorância cômoda, porque não temos noção de nosso desconhecimento e, portanto, o mesmo não nos incomoda.
Agora, quando nos deparamos com situações novas e incomuns em nossas vidas passamos para a fase da ignorância incômoda, pois o mesmo ator de cinema que não aprendeu as equações no colégio necessita fazer uma prova para um concurso onde há questões relacionadas à matemática. Neste momento, o seu não conhecimento causa o desconforto, visto que a cada erro na prova anula uma questão correta. Ele quer estabilidade financeira para poder se dedicar melhor à carreira, mas sabe que não irá conseguir o êxito por, justamente, não saber responder as questões de matemática cobradas na prova.
Quando a preocupação por não saber acontece, algo dentro do ator se esmoreceu. Porém esse desconforto motiva a busca pelo conhecimento e, então, o ator entra em um curso preparatório para concursos e vai além. Ele decide tomar aulas de matemática, com foco nas equações que nunca quis saber de estudar na vida. Mas, no fundo, o ator não quer aprender aquilo, ele apenas necessita daquele conhecimento.
Neste momento, a fase pela qual ele passa é a de acomodação, pois após alguns meses no curso preparatório, além das aulas particulares de matemática, ele enfim acha que aprendeu. Finalmente, uma nova oportunidade de concurso aparece e nosso ator faz a prova confiante, porém ao ler as questões de matemática descobre que a disciplina engloba mais do que imaginava. As questões sobre as equações estavam lá, mas constavam também lógica, gráficos, geometria e cálculo integral.
Resultado: o ator não conseguiu responder todas as questões, pois não sabia e nem havia estudado o suficiente. Isso significa que a partir de agora, ou ele gosta de matemática e realmente aprende a disciplina ou ele desiste dos concursos. Como seu sonho era realmente ser ator ele não deu a mínima importância para os outros conhecimentos, por isso não estudou com um todo, mas de forma limitada e até mesmo forçada. Porém, a sabedoria é somente adquirida quando nos sentimos enriquecidos com qualquer pequeno conhecimento novo e não quando nos forçamos a aprender algo.
Esse ator sou eu e você, que possuímos sonhos, mas por ser difícil ou porque simplesmente não nos interessa deixamos alguns possíveis conhecimentos de lado. Topar com uma novidade e ter o prazer de buscar pelo seu entendimento é uma forma de busca constante pela sabedoria. Comprar um livro sobre um assunto específico, mesmo sem estar precisando solucionar alguma carência imediata, mas pelo prazer de saber um pouco mais sobre aquele assunto é dar um passo a frente para nosso desenvolvimento.
Sendo assim, podemos concluir que o poder da ignorância somente tem valor quando não somos desafiados. Podemos ficar estáticos ou renovar nossos conhecimentos e nos sentir gratos por aprender um fato novo a cada dia. A questão é que mesmo a sabedoria nos traz desconforto, pois quanto mais aprendemos, mais percebemos que nada sabemos.

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