Táticas de políticos mudam com avanço de redes sociais

.............Não é novidade para ninguém que a internet e as redes sociais revolucionaram as formas de comunicação e de relação entre as pessoas. A certeza facilmente perceptível da frase anterior não se repete diante da análise do impacto de toda essa nova dinâmica nas eleições que em breve ocorrerão. Cria-se uma realidade que ninguém domina completamente, mas que é intensamente aplicada nas campanhas dos candidatos a cargos públicos para o pleito que ocorrerá no mês de outubro. Um exemplo taxativo são os perfis no Twitter dos principais postulantes à Presidência do País. Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra fazem parte da rede social e mantêm contatos diários com seus “seguidores”, mandando-lhes pequenas mensagens sobre as campanhas, expondo opiniões diversas e divulgando propostas de governo.

.............Quanto ao poder e aos frutos que se pode colher com a boa utilização dessas novas ferramentas parece não existir mais dúvidas. A eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos da América, em 2008, com ampla utilização dos mecanismos virtuais, virou referência de quão longe se pode chegar com a eficaz caminhada nessas terras ainda pouco exploradas. O exemplo serve apenas para elucidar o poderio em questão e enganam-se os que pensam que a internet “elegeu” o primeiro Presidente negro no País mais poderoso do mundo. A grande rede auxiliou a divulgação de novas propostas que traziam ares de modernidade e mudança e que seduziram imensa margem da população sufocada no pântano de tantos anos do governo de George W. Bush. Ou seja: o grande “x” da questão parece ser a obtenção de refinada percepção do contexto geral para o estabelecimento de complexas estratégias para o saudável contato com os eleitores através das novas ferramentas.

.............Os meios para o êxito nesse sentido parecem se complicar à medida que a dinâmica comunicacional abandona a velha lógica de um emissor transmitindo mensagens para a massa. Os textos e as mensagens diversas passam a ser elaborados de forma mais individualizada, sem contar com as possibilidades de interatividade cada vez mais comuns. Não se pode também precipitar a impressão de que este contato entre candidatos e eleitores é algo “puro” e que chegamos a um ponto ideal no processo democrático com a comunicação direta entre postulantes a cargos públicos e eleitores. É verdade que muitos dos sites, blogs e redes sociais de políticos são controlados por assessorias de comunicação e servem apenas como mais uma forma de tentar convencer eleitores entupindo-os com informações de candidaturas. Parece mais aceitável a noção de que os meios de se fazer política estão mudando e que, sutilmente, facilitam-se os modos de chegar aos políticos e dos mesmos exporem as suas convicções.

.............É tudo tão incipiente que as regulamentações em relação às propagandas políticas na internet são discutidas e existe a necessidade de alterá-las constantemente. A Lei 12.034/09, que incluiu os artigos 57-A a 57-I na Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral), passou a permitir a propaganda eleitoral pela internet a partir de 5 de julho de 2010, com diversas restrições. Está proibida, por exemplo, a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga.

.............A discussão em relação aos prós e contras provenientes da nova dinâmica também é ampla. Fatores como a diminuição dos custos das campanhas e a descentralização na produção dos conteúdos, com mais fontes e maiores possibilidades de participação dos eleitores nas campanhas são aspectos apontados como importantes e de muito valor. Por outro lado a facilidade com que as coisas se espalham pela grande rede ajuda e dá força a fenômenos como o do humorista Tiririca. O candidato a deputado federal por São Paulo é hoje sensação com seus vídeos de humor onde demonstra desprezo e debocha da política e mesmo assim, para muitos, vem com isso conseguindo popularidade o suficiente e tem grandes chances de ser eleito.

.............Por tratar-se de uma eleição, que irá escolher representantes para administrar o dinheiro público, a única verdade absoluta é que a nova realidade coloca no ar a necessidade de novas atitudes, posicionamentos, estratégias e análise para toda a população. A mesma deve – ou pelo menos deveria – estar atenta a todas essas mudanças e considerar esse momento de escolha como fundamental.

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